segunda-feira, 4 de junho de 2012

Copacabana


Dos devaneios do primeiro encontro,
Os sonhos da juventude,
De tantas passagens de tempo, tantos desencontros...
E encontrar-te agora... Plenitude.

A tal previsão de chuva era engano,
O sol se abriu como que por encanto,
Às margens de Copacabana, no forte, nossa fortaleza,
De um abstrato sentimento a real certeza...

Reencontrei enfim minha alma,
Refiz de mim a calma,
Ergui a cabeça e a olhei nos olhos...
Afirmei; Tenhamos os seus, meus, os nossos!

O mar nos abençoou com outra perspectiva,
Partículas de luz refletindo em sua face,
O Rio como cenário e uma assertiva;
Que nossos corações se entrelacem.

E o mito do primeiro encontro se quebra,
Pode sim ser perfeito,
Depende de quem você espera.

Uma vida de espera recompensada,
Que tenha em ti a minha amada,
Não só para este dia, mas sim...
Até o fim do meu fim, enfim.
Que nunca se acabe.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Quem sois vós?


Sim, voltei a sorrir,
Dos motivos mil,
Um é raiz...
Toda culpa, sim, tem dono,
E eu, antes tristonho,
Encantei-me sem sentir,
Tomara-me pela mão,
Conduzira-me ao que estava por vir,

Tanto ainda por viver,
E com ela, o que tenho eu a temer?
Permaneço na vanguarda,
Assim sou,
Mais um dos ditos
Românticos assumidos,
Algum motivo para isso restou,
Eis que surge minha resposta,
Tão formosa, tão garbosa,
Com covinhas e tudo,
Dona de um sorriso que me aquece a alma,
Sorrisos... Isso em mim agora não falta,
Desde que você chegou...

Quem sois vós,
que me aquecera a alma?
Quem sois vós,
que com tua pele clara
e jeito doce,
permeou meus sonhos
e tornara-me um ser feliz?
Pergunto-me de que dimensão nós somos,
De que planeta nós viemos... ?
Mas do que isso importa agora,
se enfim nos encontramos.
E a pergunta se propaga em ecos
dentro de nós,
Quem sois vós?
Eu vos respondo...

Sois o sonho realizado.
Sois o que mais desejei ter encontrado.

domingo, 13 de maio de 2012

Dar Valor


Queria apenas um sorriso teu,
Daqueles da época das flores dos campos.
Daqueles inesperados, perfumados de tão apaixonados...
Lembranças de quando descobri tuas flores prediletas,
De quando tua boca era minha... E em mim se encontrava de tão perdida.

Das surpresas que lhe trazia, mas que tu só deste valor quando cessou.
Assim como eu com teu amor... 

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Bom dia!


Lindo dia faz la fora,
Vou na rua ver o céu,
De tão Azul conforta.
Espero tanto, mas que demora!
Quando será que ela retorna?
Deixo o sol aquecer-me a pele,
Que seja um dia, mais um dia,
De saudades, de nostalgias...
Lindo dia para pensar em ti,
Lembro do brilho de sol em teus cabelos,
Ponho-me em apelo; que seja  dia de te ver logo.
E vou desejando-te um bom dia,
Todo os dias quando acordo.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Oh, paixão!


Quão pungente és, paixão?
Alimenta-se do ócio, da beleza, da avareza...
És ópio! És egoísmo maquiado, és desejo abastado!
Momentaneamente... Faço-me claro?

Queima-me a alma como se em brasas eu pisasse,
Arrepia-me a pele, acelera-me os batimentos,
Desnorteia-me a consciência, confunde-me os atos,
Minha libido transborda, meus lábios se apavoram...
E me torno o ser enjeitado.

Fazes de mim ser impulsivo,
Aquecido em teu egoísmo,
‘Só minha! Só a mim!’
Desejo escondido...

Abraço, aperto e digo: ‘Não largo!’
Quero para mim, quero para si...
Quero ser feliz consumindo tua felicidade.

Passo dias buscando-a,
Importunando-a com minha presença...
Mas muitas vezes sem ser notado.

Consuma minha juventude! Oh, paixão!
Pois sem minha bela nada me vale.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ri-me


Ri-me da falta de sorte,
Das desventuras sem mortes,
Ri-me das trapalhadas repetidas,
Das falácias absorvidas.

Por vezes falei contextualmente,
Outras tantas polidamente,
Omiti e desconversei falhas recorrentes,
Mas ri-me de mim, divertido, incoerente...

Os tropeços e tombos não mais agudam em dor,
Apenas se compõem aos sorrisos, sem rancor,
Ri-me hoje ao te descobrir imperfeita,
Sabido disto já eu tinha, mas tenho por hábito prolongar a desfeita.

Ri-me destoante, às gargalhadas enfadonhas,
Para ti, já não me pareces medonha.
Controlo-me buscando o ar,
Ufa! Agora podes ter certeza...
Feliz daquele que admite suas impurezas.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ímpeto


Nunca saberás do ímpeto de saltar-lhe de súbito
E sugar-lhe a alma num só beijo,
Aspirando todo teu natural perfume,
Guardando-o para sempre em meu âmago...
Protegido de todo e qualquer esquecimento.
Saciando momentaneamente a dor de não mais te ter.
Um paliativo a esta alma enferma...

Ouvir-te a voz sem nem ao menos que se dirija a mim
Já me é escandalosamente inebriante,
Então nem imaginas o que senti ao escutar-lhe poucas palavras direcionadas.
Eu por dentro em um emaranhado de sensações,
Num rigoroso mantra contínuo:
“Seja minha... Seja minha... Seja minha...”
Vibrando internamente, desejando tua saliva,
A seda da tua pele e o veludo da tua língua.

Mas nada acontece...
Minhas pernas fraquejam,
Minha coragem se intimida e desaparece...
Calo-me pensativo e deixo às preces...
Que as divindades me ouçam e um dia, quem sabe...
Você se lembre de que sou eu quem te merece.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Erga-se

Baseado na premissa de que os números não mentem fico eu aqui na corda bamba.
Dizem os números que o brasileiro está aprendendo a votar, mas também dizem os números que a grande maioria aprova o governo atual.
Pensando se caio para o lado da utopia, para o lado da realidade ou me mantenho firme até o final para ver qual será o desfecho.
Ideias para o fim até tenho algumas, mais uma vez outra premissa; a de que nada muda por aqui. Mas não custa nada incentivar a mudança...
Aliás, me custa sim, me custa paciência com pessoas limitadas e incoerentes...
Como é irritante saber que a grande maioria se diz contra a corrupção e ao primeiro momento de oportunidade de benefício próprio espezinha sem piedade seu próximo.
Como sou avesso à “malandragem”, ao “jeitinho brasileiro” que nada mais é que uma corrupção para pormenores.
 Argumentos?
“Se eu não fizesse ele faria comigo”
“Tenho que pensar no meu futuro”
“Ninguém ficará sabendo”
Desculpas medíocres dessa estirpe preenchem este país de lama.
Quão torpe e vulgar este povo se pinta. Carrega em seu DNA um misto de estagnação e corrupção. Bancando o sofrido, o injustiçado, o infeliz... Fazendo-se de pobre coitado sem ao menos ter a vergonha de se consertar depois de ter colocado tantos e tantos ladrões, salafrários, marginais e despudorados no poder.
Erga-se povo medíocre, entenda de uma vez por todas que precisas tomar partido nas decisões que lhe afetam direta e indiretamente.
O caráter não tem preço.
Saia dessa coerção psicológica em que vive.
Não basta apenas ter um ideal se tu não o colocas em prática. 

domingo, 8 de abril de 2012

Divindade


Deixe a prosopopeia da minha caneta em paz,
Ela tem vida, sim! É geniosa, teimosa e sagaz,
Diz-me o que contar na hora em que se deita à folha,
Às vezes esfíngica se põe a divagar... Mas que coisa!
É  ela quem controla e adorna minhas letras,
Eu apenas me guio dentre todas incertezas,
Sentimental canta canções próprias,
Possui... tantas histórias...
Possui...
Mais alma que muitas pessoas,
E ainda se atreve a dizer que todas são tolas.
Ah, como eu queria ter esta sensibilidade!
Minha caneta, minha divindade.

sábado, 7 de abril de 2012

Tanta Saudade

Contar-vos-ei como é viver a falta dos teus beijos,
Como é acordar sem teu cheiro e dormir sem teu gosto,
Da tristeza que assola o coração a todo amanhecer,
Das lembranças que se chegam antes mesmo do despertar,
Deixando-me em um estado apático constante,
Contar-vos-ei quantas vezes as lágrimas me escorreram a face,
Quantas vezes solucei abandonado, sozinho e tristonho...

Sobre todos os poemas que pensando em ti me atrevi a escrever,
E sobre os outros tantos que a dor não me permitiu transcrever.
Sobre a memória desagradável da sua agradável companhia,
 De como por muitas vezes sinto teu cheiro no ar,
Procuro-a e lá nunca está.

Contar-vos-ei sobre como morri depois de te perder,
De como minha alma anseia por renascer...
Mas independe de mim, só me resta o querer.

Dos pratos que aprendi a fazer, pois são teus favoritos,
De como hoje me organizo, reflexo do seu abrigo...
De como me tornei alguém melhor depois de tua passagem,
E de como hoje nada sou, pois sem você nada tenho a viver.

Das lágrimas que pesam nas pálpebras e teimam em molhar-me a face,
Inundando minha autopiedade de tanta saudade... Tanta saudade...
Quanta? Não sei mensurar, não sei a escala...
Sei apenas que ultrapassa minha alegria e é maior que minha felicidade.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mania

Arremesso-me ao infinito, pairando em devoção,
Intrometo-me em definitivo, buscando afeição,
Rogo-te a pele, para que minha boca tenha onde deslizar,
Rogo-te os lábios, e o gosto incerto de tua alma provar...

Entre risos e sorrisos ter teu prazer,
O gosto de te ver também se perder,
Tuas mãos apertando meu flanco,
Derrete-se em mim, entre solavancos...

Aparo-te do declínio e em meus braços seu torpor,
Sim, sim! É o que quero, meu amor!
Penetrar o infinito de tua consciência,
Ser teu porto e tua demência.

Mania de me lançar, mania de você,
Mania de galgar ser teu bem querer,
Teu prazer ser por longa data,
Que sejam anos, que não sejam exatas...
As horas, os dias, os segundos,
A cada amanhecer... A cada instante nesse mundo.

Tua boca na minha, delicadamente saboreada,
Como licor, um néctar, como musa alcançada,
Teu gosto é o que desejo, cada meandro sentir,
O teu corpo, sim! É o que quero em mim.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Princesa Sofia

Pequeno pedaço de mim,
Pequenina de beleza única,

Ninguém é mais bela que ela!
Ninguém é mais amada que ela!

Minha princesinha de cabelos cacheados,
Bochechas salientes e risada contagiante.

Se pudesse eu, não desgrudaria de ti um só instante,
Mas os caminhos que segui não são perfeitos,
Não são inteiros... São errantes.
Sonho com o tempo em que a terei por dias,
Quando faremos bagunça em casa,
Só para brincar de rir... 

Sonho com o tempo que se passe rápido,
Mas que se congele assim, pequenina!
Desejo teu sorriso mais do que o meu,
Pois nele me encontro, me reabasteço, me reintegro...

Pequeno pedaço meu, que tanto amo,
Princesa do pai, assim a chamo!
Se um dia voltar a chorar por alguma mulher,
Será por ti, para que saibas que é contigo que me importo.
Na ausência a presença em meu peito, constante, cortante, intensa...
Desse amor não se pode fugir, não se pode escolher,
Não se pode definir, ele simplesmente é!
Pois és, princesinha, minha felicidade encarnada.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Amo-a mais que tudo - Parte I

Em minhas mãos,
Ali estava meu coração,
Seguro, protegido...
Quando aparecera, amor meu.
Obscura, divina...
Reclamando doutrina.
E soube desde então,
Que não mais haveria outra forma,
Tu serias tudo que a mim vigora.
Do desejo mais sincero aos acalentos de outrora,
Nada mais teria gosto se por tua boca não passasse,
Nada mais teria graça se teu sorriso faltasse...
Em mãos dei-lhe o coração,
A vida e a alma... E o que mais tivesse daria,
Só de olhar-te, ter a certeza de que tudo seria.
Aqui, entregue aos teus encantos, me resumo.
Do gosto pela vida, do gesto humano,
De amar muito, sem medidas, sem tamanho.
Aqui me assumo...
Amo-a mais que o tudo!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Clamor

Clamo por tudo que há de mais sagrado em ti,
Desde um pequeno sorriso ao o que é infinito.
Regozijo-me pelo retorno de tua presença em mim,
Claro está de que nunca partiu de fato,

Clamo por tua boca em mim,
Delicada e suave,
Sussurrando carinhos, assim...
Com palavras que penetrem o âmago de verdade.

Clamo por teu carinho,
Dedos entrelaçados sem destino, ou quase.
Retumbando canções de paz, regadas à vinho,
Bebida de romance, pois isso é o que nos cabe.

Clamo ao menos por tua presença,
Por teus olhos, para que o brilho e desejo deles brotem,
Empatados por um mundo de diferenças
Que há tempos nos consomem.

Clamo por tua voz,
Pois sempre que a ouço me renovo,
Iluminando minha vida como dois sóis,
Nem todos têm a mesma sorte, esbanjo, nunca esnobo.

Todo esse clamor é desejo de você,
É desejo por você,
É desejo... É carinho... É querer.

É clamor de afeto,
De carinho repleto,
Pois para sempre a espero...

Clamor fomentado por tuas fotos,
Essa é tua única presença constante,
Carrego para onde quer que eu vá o clamor do teu nome.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Estação do Engenho de Dentro (maio/2011)
Diogo Souza Jr.

O que era mesmo?

A transmutação involuntária do olhar,
Dias atrás olhava com admiração,
Hoje já não mais,
Não percebi quando fora dissipar.

Mas é clara a abnegação,
Do que um dia já nos foi eterno.
É prático quando não se tem zelo,
Definha, nem pra tudo se tem esmero.

Algumas vezes nem boas lembranças restam,
Apenas morreu, foi parar onde ninguém perdeu.
Aos olhos não mais encantam.
O que era mesmo? Esqueceu...

quinta-feira, 22 de março de 2012

Definitivamente - Bruna Alves/Diogo Souza Jr.

Essa é uma letra minha que minha amiga linda, da voz angelical, Bruna Alves resolveu musicar.

Faz parte da trilha sonora da minha vida, obviamente.





"Arranjo arranjos para meus ornamentos,
Distraio-me fora de mim, sem sentimentos...
Para não lembrar o que sinto por ti,
Para que nunca traga a dor que hoje senti.
Quando resolverdes definitivamente me encontrar,
Eu estarei aqui pra ti."



Beijos, Bubu!

Impermeabilidade emocional - O mito

A falsa sensação de segurança deixada pela desesperança,
Distanciando de mim prováveis dores,
Deixando-me ao conforto solitário de aprofundar-me em mim mesmo,
Incredulidade nas palavras, nas fantasias, nas companhias...

Certeza profana de que me tornei um ser humano intangível,
Inerente a tantas peculiaridades de seres alheios.
Não sou do tipo que culpa o mundo,
Afinal de contas ele é repleto de pessoas para eu culpar.

E dos sentimentos que brotam quando os tento suprimir,
Mesmo conhecendo-os profundamente,
Mesmo sabendo que o fim trará dor,
Enfio-me em suas nuances, acolho-me em seus braços,
Esperando um futuro tão saboroso quanto o presente me é.

E o ciclo se recicla...
Sofrerei mais um pouco e depois acreditarei cegamente que aprendi.
Escolherei, com ares de interlocutor, minhas novas companhias,
Fingirei um controle atordoado,
Exalarei ares de arrogância para camuflar minha insegurança.

Descansarei a cabeça em travesseiro de pedra,
Fingindo-me relaxado, fingindo-me consciente.
Isolado dos amores terrenos, buscarei o amor divino.
Quão tolo seria a ponto de negar-me os sentidos?

Queixo-me da insegurança,
Deixo-me enganar pelo aprendizado terreno,
Dor traz conhecimento...
Amargura a alma e o salva de possíveis desilusões...
Se assim é, para que viver então?

terça-feira, 20 de março de 2012

Sem vontade

Sem vontade de tanta gente, nos mais chegados um abrigo... No resto do mundo... É melhor manter-se distinto. Quem sou eu para julgar? Respeito suas diferenças, só vos peço para que não tentes aproximar-se. Não traga sua vã consciência de um mundo torto ao meu encontro, não traga imbecilidade existente há séculos para meu convívio. Há muito já se sabia que as tolices e os despautérios preencheriam o mundo. Afinal de contas os racionais se enclausuram, evitam os fúteis, então estes preenchem o espaço com suas limitações e suas canalhices.
Sem vontade de respirar o ar pesado das noites dividas, onde as conversas são vagas e tolas. Onde os homens se sujeitam ao frenesi alcoólico da busca por uma fêmea no cio. Estas fêmeas, que tanto coloquei a mão no fogo, que tanto respeitei sua vontade e desejo de igualdade fazem dos seus direitos o dever de se expor. Uma necessidade de vulgaridade domesticada, que seja comum aos olhos dos homens. Respeito se perde assim.
Sem vontade de trocar palavras com mentes fantasiosas que enxergam a vida como um jogo, uma passagem aleatória que se apaga sem razão. Desculpe, mas para mim ela tem uma razão de ser, não digo que devemos todos ser mártires, mas devemos ao menos aprender a viver em sociedade. Um ser social sabe quando acaba seu direito, sabe quando começa o espaço alheio, sabe que somamos mais do que podemos compreender. Mas devemos nos esforçar a entendê-lo.
Sem vontade de erguer os braços e adorar o infinito, já que tenho um infinito de perguntas dentro de mim.
Sem vontade de pesar as consequências se sei que as terei.
Sem vontade de levantar-me e ver o mundo com bons olhos, mas em meu canto faço dele o meu melhor.
Sem vontade de largar de mão os amigos que fiz ao longo destes anos, pois a afinidade e a identidade que possuímos fora construída desde jovens.
Sem vontade de me calar para um mundo tão superficial, mesmo sabendo que muitos não escutarão, rechaçarão com certeza minhas reivindicações. Rirão dos meus preceitos. Mas jamais os negarei novamente.
Sem vontade de ensinar, sem vontade de reclamar, sem vontade de continuar essa reclamação... 

Falarão

Do que falarão eles ao meu fim?
O que encontrarão para falar de mim?
Dos amores que tive,
Ou dos erros que cometi?

Do que falarão eles?
Da boa pessoa que deveria ter sido,
Ou das palavras amargas que transferi?
E das doces, aonde acolhi?

Deixe que falem, pois já me será o fim,
Que importância terá se não os ouvirei,
Deixe que digam; ‘Assim ele escolheu.’
Os motivos só cabem a mim.

Mas se de saudade falarem,
E falta eu fizer,
Algo bom devo ter plantado,
Sem nem mesmo saber.

E de que importa o que falarão?
Importa aos meus,
Aos que amei e deixarei aqui,
Talvez não lhes faça falta,
Mas sei a falta que hoje senti.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Saudade Infinda

Dor eterna de saudade infinda,
Meu peito se esmorece, fadigado de culpa... Ainda.
Dos lábios a cada dia mais distantes,
Dores consoantes.
Da rotina que não mais nos faz parte,
Das malditas lembranças que em meu peito ardem.
Saudade...

Dos sonhos que me despertam ao desespero,
Corroendo-me a alma, sem gelo...
Anestesia ou afins, nada mais é para mim.
Deixo-me a dor da falta, assim...
Corroendo cada palavra,
Debulhado em lágrimas,
Quando lembro que de tua pele alva.

Dos desejos que não mais se saciaram,
Dos momentos únicos que de passado viverão,
De toda vontade unívoca que a mim é solidão.
Meus monólogos de ausência tua,
Dos teus ‘nãos’ ditos a todo reencontro.
O tormento dessa pobre alma,
Que de morte ao passado se insinua.
Calma?

Já não sei mais onde guardei-a,
Longe do meu dia-a-dia,
Passando de mão em mão por quem de mim se aproxima.
Sinto, mas não estou pronto ainda.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Beijo Atemporal

Sem limite, imaginativo ou realístico,
Sem compromisso com tempo, não esquivo,
Foi ontem, hoje, amanhã e será além...
Quem do tempo correu ficará aquém.

Não retomo a consciência por horas, dias...
Consequências vão-se embora, tardias...
Revolvo lembranças com sede por beber-te,
Sedento dos lábios teus, entre beijos ver-me.

Pois o hoje, o ontem e o amanhã se misturam,
Indefinem-se entre passado, presente e futuro, entre si firulam.
E eu, leigo, sáfaro destes conhecimentos beijísticos
Ainda não entendo a diferença entre início, meio e fim... São místicos.

Sede de mais, por mais que o tempo nos negue,
Sede de paz, por mais que não seja o que se segue,
Sei de mais, agora.
Sei que não vou embora.

Jamais...

EU DE FATO

Eu, de fato, sou mais do que penso, do que vejo, do que falo.
Por mais que eu fale desenfreadamente, como me é de praxe,
Palavra alguma a mim satisfará, jamais em tempo algum.
Sou um em um milhão de fases,
Um eterno emaranhado de frases,
Um descrito escritor por mãos antiquadas,
Que circundam o vanguardismo das destemperanças,
Trocando sentidos, sem mesmo ter quem os pague.
Absorvendo sem maestria os sentimentos vagos,
Torcendo o nariz para os que se dizem capazes,
Penalizado com a dor dos incapazes.

Ah! E a estes o mundo deve piedade,
Mas são estes que mais força trazem.

Eu, de fato, sou antiquado.
Sou retrogrado quando de valor se trata,
Sinto a dor antes mesmo do ato,
Enlouqueço apaixonado...
Penso amores antes do libidinoso ato,
Desejo com veemência, com ardor... Com demência.
Embolo-me as pernas, tropeço... E trôpego a acho.
Pernas, braços, corpos desnudados...
Encontro-a minha, mas quem sou eu de fato?

Eu? De fato?
Sou um mar pelo qual nadaste.
Sou o mundo inteiro...
Mas que de tão inteiro sempre lhe falta algo.
Sou decadente na ascensão, correndo-me por dentro, tensão.
Intenção... Intenso eu repenso? Não!
Sou assim, por mais que eu me descreva,
Se há desejo todo o resto se apresenta aos poucos...
E só nos conheceremos de fato quando o amor tiver desfecho.

Então,
Eu, de fato, sou o que tenho de ser.
Às vezes mais, às vezes menos,
Às vezes tudo, tantas vezes nada,
Astuto? Como quem viveu lástimas.
E ao fim saberemos o quanto cada qual nos vale.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Introdução Ao Assassino Emocional

Um Ser Racional

Não havia mais a lembrança da noite em que se principiaram as questões insones causadas pelos erros, medos, desconsertos a afins, que o trouxeram até aqui.  Saber dos erros e da impossibilidade de voltar no tempo e corrigir todas as incoerências e incongruências só o matava lentamente. Várias vezes parecera-lhe ser solução mais eficaz, para o extermínio da dor e o aniquilamento da culpa, o inexistir. Dar cabo do único culpado de suas próprias dores. Assim vagava em sua mente o desejo mortis de solução egoísta. Por fim à sua culpa jamais traria de volta a tranqüilidade e a paz ao coração dela, aquela que longe de qualquer culpa fora afetada violentamente pelas atitudes do nosso insone personagem. “Quão bom seria se ela não tivesse sofrido com minhas fraquezas.” Desejava silenciosamente o algoz da verdade e do amor. Assassinou-lhe sem chance de defesa, pisara em tua face mesmo após o escárnio. Tornou-se, em definitivo, o monstro que outrora odiara.

Agora as questões e as soluções pairavam em sua cabeça, ele mesmo tentava entender-se. Suturava suas feridas com racionalidades, abandonando sua fé e suas emoções. Tornara-se infeliz, insosso, apagado, deixara de buscar um futuro próspero à medida que deixava de acreditar nas ditas “coisas boas da vida”. Sabia ele que já havia provado destas, sabia o sabor de cada bom momento supervalorizado pela humanidade atual. Alguns lhes diziam para preservar as boas lembranças, as ditas “coisas boas”. Mas só ele sabia o peso que vinha junto de toda boa coisa que ela representara em tua vida passada, só ele sabe o quão vazio e doído é descobrir tardiamente o valor daqueles dias.

Enquanto suas noites se preenchiam por todas estas mazelas e lembranças, seu coração se escurecia, necrosava-se para qualquer outro sentimento que ali quisesse habitar. Seguia impondo sua racionalidade à frente de qualquer situação, qualquer emoção ou qualquer religiosidade. Fé? Somente nos assuntos que tivessem uma resposta racional. Devorava livros como se procurasse neles a cura de um câncer. E como na busca da doença obteve as mesmas respostas. NADA! Absolutamente nada seria capaz de lhe devolver a vida que perdera de forma tão bestial. Assim nascia sua verdadeira essência, o ser racional, o assassino sem emoção. Impulsionado pelo crime que mais lhe doeu em vida, vida esta deixada caída ao chão com seu amor próprio. Agora morto emocionalmente, nada mais faria diferença ou sentido no que fosse relativo aos sensos comuns e às regras, sejam elas leis ou mandamentos.

Hoje este indivíduo só quer transgredir os sentimentos abstratos, as formalidades, as “purezas” hipócritas da sociedade em que habita. Rótulos nós sabemos que não lhe faltarão: Blasfemo, assassino, psicopata, doente, rude, infeliz, canalha, covarde... Dentre outros de certa forma corretos de outras formas errados, como os ditos até então. Mas como ofender um ser cujas emoções lhe foram arrancadas do peito? Como fazê-lo sentir culpa depois de carregar uma única culpa que lhe tirou todo o sentido de vivência?

Lágrimas não mais caíram daqueles olhos, perplexos e certos de que o egoísmo de arrancar-lhe a própria vida não teria efeito nas mudanças que gostaria, fizeram-no repensar sua responsabilidade no mundo. Um ato bom anularia um ato ruim? Vários atos bons de índole ruim anulariam o mau? Diversos atos ruins compensariam um grande ato bom? Até onde sua dor importava para os demais? O que fazer? Perdão não lhe seria dado pelas atitudes que o trouxeram a este ponto. Então, onde redimir-se? Opções que seguem ritos religiosos não faltam no mundo, mas isso seria como dizer que a coerência não tem nenhuma importância, algo que ele seria incapaz de fazer. “Um ritual jamais se equivaleria ao meu erro de forma oposta a ponto de anular minhas ações. E se arrependimento trouxesse perdão eu já teria sido perdoado logo depois do meu erro, mas não fui perdoado até então.”

Não lhe sobrara outra opção além de tornar-se o que o destino já havia tramado desde o título (e subtítulo) deste relato.